Pelo Hospital Visconde de Salreu
e pela manutenção
da Cirurgia de Ambulatório
e pela manutenção
da Cirurgia de Ambulatório
Com
a criação do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV), em Dezembro de 2010, os
hospitais de Aveiro, Estarreja e Águeda passaram a funcionar numa lógica
tripolar de forma a prestar melhores cuidados de saúde, racionalizar e
rentabilizar recursos e prestar serviços de proximidade na área geográfica de
influência dos três hospitais.
Com
a nomeação, e entrada em funções do actual Conselho de Administração (CA) do
CHBV, o pólo de Estarreja (Hospital Visconde de Salreu-HVS) começou a perder
uma série de valências que passamos a descrever:
- Encerramento das consultas de Ginecologia (inclusive equipamento adquirido no tempo do HVS foi deslocado para Aveiro), Patologia Clínica, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Imunoalergologia, Psicologia, Terapia da Fala;
- Encerramento do processo de realização de ecografias, sendo que o Hospital de Salreu era o único local no concelho com convenção assegurada para os utentes dos cuidados primários;
- Encerramento da atividade cirúrgica na área da Ginecologia, Oftalmologia (maior lista de espera do país), Otorrinolaringologia (lista de espera de anos) e Ortopedia (os doentes de Estarreja são prejudicados face aos dos outros concelhos porque têm lista de espera maior por má gestão do serviço e pelo facto do médico especialista deslocar-se apenas uma vez por semana ao HVS);
- Encerramento da Imagiologia à noite (em 2012) e ao fim de semana (Maio de 2013) deixando sem apoio a Consulta Aberta, desrespeitando o protocolo celebrado com a ARS, aquando da reestruturação da Consulta Aberta e sem qualquer tipo de aviso prévio com as partes intervenientes no protocolo;
- Encerramento do serviço de Patologia Clínica (agora só se faz colheitas de sangue) e com fraca resposta aos utentes dos cuidados primários e que deixaram de recorrer aquele serviço;
- Com o encerramento do serviço de Patologia Clínica, deixou de se poder fazer cirurgias mais diferenciadas em Estarreja por falta de apoio do laboratório de sangue;
- Já se encerraram os Serviços Farmacêuticos em Águeda e em Estarreja pelo que não é possível ter atividade de internamento muito diferenciada nestes hospitais por falta de acompanhamento de farmacêutico;
- Pretende-se encerrar a unidade de cirurgia de ambulatório de Estarreja no próximo dia 1 de Julho, sem conhecimento prévio das entidades públicas (recorde-se que a ERS classificou esta unidade como uma das 4 melhores com pontuação máxima na sua escala de avaliação) (recorde-se, ainda, que foi este Conselho de Administração que fez obras no Hospital de Estarreja para adaptar as instalações á Cirurgia de Ambulatório e que agora a encerra, ou seja, desperdício de recursos);
- Informou-se que o Plano Estratégico a apresentar à tutela até 31 de Maio de 2013, seria dado a conhecer publicamente mas, para além de não se ter dado conhecimento, já se começam a proceder a alterações estruturantes no CHBV;
- A transferência da Unidade de Cirurgia de Ambulatório para Águeda serve, apenas, o intuito de compensar o autarca de Águeda pelo encerramento da cirurgia ortopédica eletiva e sua transferência para a Unidade de Aveiro;
- Além do serviço em Estarreja ser considerado de Excelência Clínica, terão de se fazer obras em Águeda, gastando mais dinheiro e sem se saber se conseguirão alcançar os mesmos resultados.
Considerando
todas as perdas acima enumeradas, há ainda assinalar o seguinte:
- Falta de diálogo do Presidente do CA com a comunidade;
- Atitudes de transferência de serviços em função da comunicação social e das críticas do Presidente da Câmara de Águeda;
- Transferência de serviços com perda de qualidade:
- Encerramento da unidade de cirurgia de ambulatório de Estarreja considerada uma das melhores do país;
- Transferência da Ortopedia eletiva de Águeda (anteriormente considerado um dos melhores serviços do país) para Aveiro;
- O CHBV tem, a nível nacional, a pior taxa de acesso a primeiras consultas a pedidos dos médicos de família;
- Não existe há meio ano primeiras consultas de Hematologia, apesar de ter médico para isso, pelo que se um doente de Estarreja tiver leucemia não é atendido em Aveiro porque ficará para sempre à espera;
- Pequenas obras nos três hospitais subvertendo os interesses locais já que se pretende tratar doentes em proximidade e não ter hospitais arranjados e sem doentes;
- Indicador económico-financeiro sem melhorias aparentes, questionando inclusive onde existe cabimento orçamental para as obras que se realizam à luz da lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso;
Em relação às promessas de compensação da saída da
Unidade de Cirurgia de Ambulatório com obras no Hospital de Estarreja ou então
com o aumento das especialidades médicas em consulta externa, há que referir o
seguinte:
·
Presidente do CA pretende fazer obras no Hospital de
Estarreja para abertura de camas de cuidados paliativos:
- Isso não foi informado no plano estratégico;
- Os doentes terminais devem ser transferidos para um hospital da Rede Nacional de Cuidados Paliativos;
- Ou seja, violação de normas.
·
O Presidente do CA esteve no Hospital de Estarreja
para criar uma ala de Pediatria (embora a procura seja escassa e isso implique
uma redução da capacidade de consulta e de isolamento de doentes internados);
·
Quanto ao aumento das especialidades em consulta
externa (acrescento de Ginecologia, Imunoalergologia, Cardiologia, Pediatria e
Psiquiatria), as duas primeiras são reposições de especialidades que já tinham
existido no passado, sendo as restantes novidade. No entanto, não existe no
Plano Estratégico, qualquer medida com vista a melhoria dos tempos de espera
das actuais especialidades em funcionamento, nem qualquer estudo quanto às
necessidade e procura de novas especialidades;
Em resumo podemos dizer o seguinte:
O Serviço de Cirurgia de Ambulatório do Hospital Visconde de Salreu
(HVS) é um serviço de qualidade com um grau de satisfação elevado por parte dos
utentes, prestando um serviço de proximidade às populações da área de
influência do HVS;
O recente investimento (2012) nas instalações do HVS para a instalação
da Cirurgia de Ambulatório não pode, nem deve ser desperdiçado;
A Cirurgia de Ambulatório encontra-se estabilizada em Estarreja com
todas as condições, humanas e técnicas, necessárias à sua operacionalidade e
qualidade, o mesmo não acontece em Águeda;
No Plano Estratégico não são apontadas razões de sustentabilidade
financeira que justifiquem a decisão do encerramento da cirurgia de ambulatório
em Estarreja;
Além disso, o Plano Estratégico possui metas irrealistas (4 mil
cirurgias/ano em Águeda) quanto à necessidade da transferência da Cirurgia de
Ambulatório para Águeda;
Face ao exposto, a Assembleia Municipal de Estarreja reunida em Sessão
Extraordinária no dia 21 de Junho de 2013, delibera:
1- Requerer ao Ministério da
Saúde e à Administração Regional de Saúde do Centro, que suspendam qualquer
acto relativo ao encerramento da Cirurgia de Ambulatório do HVS previsto no
Plano Estratégico do CHBV;
2- Que face aos argumentos
utilizados na fase de audição do plano, seja efetuada uma revisão deste
documento, tendo a linha de conta as características específicas de cada uma
das 3 unidades hospitalares;
3- Que imponham à administração do CH a matriz
tripolar, em rede, que está na sua criação e justifica a sua razão de ser,
garantindo respostas e dinâmicas hospitalares nas 3 unidades;
4- Caso assim não ocorra esta
assembleia reunirá de imediato para tomar novas acções;
5- Exigir igualmente ao
Governo a alteração das políticas de saúde em respeito pelo Serviço Nacional de
Saúde e consequentemente pela HVS;
6- Que esta moção seja
remetida Ministro da Saúde e ao Presidente da ARS, pedindo urgente intervenção.
7- Que seja dada a conhecer ao
CA do CH, à CIRA, aos deputados eleitos pelo distrito de Aveiro, aos partidos
representados na Assembleia da República, e à Presidente da Assembleia da
República.
Moção aprovada por unanimidade e aclamação
na Assembleia Municipal Extraordinária de 21 de Junho de 2013