quinta-feira, 6 de junho de 2013

Estarreja 
e o plano estratégico do 
Centro Hospitalar do Baixo Vouga


A criação de centros hospitalares pelo país foi uma ideia do PS no tempo em que estava no Governo com o objectivo de optimizar serviços e recursos. Nunca gostei muita da ideia, pois sempre me pareceu que as unidades menores destes novos centros hospitalares podiam perder valências para as unidades maiores, usando o argumento da proximidade geográfica entre as várias unidades e das melhores condições na prestação de serviços das unidades centrais melhor equipadas.
Fiquei à espera de ver o que dava esta lógica socialista (e mantida pelo PSD) no caso de Aveiro e não me parece que tenha dado grandes resultados.
Em primeiro lugar, não vejo em que áreas é que o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) melhorou em relação ao passado recente. Em segundo, vejo que no plano estratégico do CHBV se pretende eliminar a cirurgia de ambulatório no hospital de Estarreja, um serviço que estava a funcionar bem e que não tem qualquer razão para fechar em Estarreja.
De acordo com o documento (que só conheço de citações na imprensa), o Hospital de Estarreja ficará vocacionado para medicina interna, consultas externas, imagiologia programada e pequena cirurgia, o que espremido dá muito pouco, pois não é nada que o Hospital de Estarreja já não tivesse. Era bom que quem elabora estes planos percebesse que o Hospital de Estarreja, pela sua localização e acessibilidades, desempenha um papel de proximidade, não só na zona de Estarreja/Murtosa mas para toda a região e que a cirurgia de ambulatório era uma valência importante que o hospital tinha para oferecer a esta população, que deve ser pesada nestas opções e neste documento fica é mais afastada. Portanto, o que era importante era melhorar o que já existe e não cortar com promessas vagas de outra coisa qualquer.
Acresce a isto, que o referido plano estratégico foi elaborado sem ouvir as autarquias em questão. Depois de um trabalho de reflexão interna, o referido plano devia ter sido colocado à discussão das autarquias e do Conselho da Comunidade do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Vouga. Eu próprio como membro do antigo Conselho Consultivo do ACeS Baixo- Vouga III (Estarreja, Ovar e Murtosa), nunca ouvi falar em tal plano e fiquei surpreendido com o anúncio do mesmo. E o que vi pelos jornais não me agradou mesmo nada e terá com certeza a minha discordância.
Finalmente uma nota para a politiquice que o PS de Estarreja tem feito à volta deste tema. O artigo de Catarina Rodrigues nestas páginas é disso um bom exemplo. Pareceu-me um artigo encomendado por alguém, pois não me lembro da Catarina ter escrito uma linha que fosse sobre o hospital nos últimos anos. Para apelar ao voto no PS era escusado gastar meia página de jornal. Bastava ter dito: por favor votem no PS em Outubro. Agora, há artigos que eu não posso deixar passar em branco.
Eu percebo a técnica de colar o PSD local ao Governo, só que isso não resulta, pois o PSD local não segue o Governo como seguia o PS de Estarreja no tempo de Sócrates. Depois não foi o Governo quem mandou fechar a cirurgia de ambulatório em Estarreja. A decisão é da inteira responsabilidade da administração do CHBV. E o Presidente da Câmara em todas as declarações que fez na imprensa manifestou-se sempre contra tal decisão. E fez mais do que só dizer não: fundamentou devidamente as razões da divergência (basta ler os jornais). Portanto, não vale a pena tentar enganar as pessoas para ganhar uns votos em Outubro. Nem os eleitores são “burros” como julga a Catarina, pois não votam sempre nos mesmos “porque é costume”. Não queiram fazer as pessoas de ingénuas. Se assim fosse Vladimiro Silva nunca tinha sido Presidente da Câmara, nem José Eduardo Matos tinha tido as vitórias que teve com votações acima dos votos habituais do PSD/CDS. Por isso, não deixa de ser caricato ver a Catarina a pedir aos “burros” para votarem no PS. Quem tem esta consideração pelos eleitores não merece obviamente muitos votos em Outubro. 


José Matos