Estarreja
e o plano estratégico do
Centro Hospitalar
do Baixo Vouga
A criação de centros hospitalares pelo país foi uma
ideia do PS no tempo em que estava no Governo com o objectivo de optimizar
serviços e recursos. Nunca gostei muita da ideia, pois sempre me pareceu que as
unidades menores destes novos centros hospitalares podiam perder valências para
as unidades maiores, usando o argumento da proximidade geográfica entre as
várias unidades e das melhores condições na prestação de serviços das unidades
centrais melhor equipadas.
Fiquei à espera de ver o que dava esta lógica
socialista (e mantida pelo PSD) no caso de Aveiro e não me parece que tenha
dado grandes resultados.
Em primeiro lugar, não vejo em que áreas é que o
Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) melhorou em relação ao passado recente.
Em segundo, vejo que no plano estratégico do CHBV se pretende eliminar a
cirurgia de ambulatório no hospital de Estarreja, um serviço que estava a
funcionar bem e que não tem qualquer razão para fechar em Estarreja.
De acordo com o documento (que só conheço de citações
na imprensa), o Hospital de Estarreja ficará vocacionado para medicina interna,
consultas externas, imagiologia programada e pequena cirurgia, o que espremido dá
muito pouco, pois não é nada que o Hospital de Estarreja já não tivesse. Era
bom que quem elabora estes planos percebesse que o Hospital de Estarreja, pela
sua localização e acessibilidades, desempenha um papel de proximidade, não só na
zona de Estarreja/Murtosa mas para toda a região e que a cirurgia de
ambulatório era uma valência importante que o hospital tinha para oferecer a
esta população, que deve ser pesada nestas opções e neste documento fica é mais
afastada. Portanto, o que era importante era melhorar o que já existe e não
cortar com promessas vagas de outra coisa qualquer.
Acresce a isto, que o referido plano estratégico foi
elaborado sem ouvir as autarquias em questão. Depois de um trabalho de reflexão
interna, o referido plano devia ter sido colocado à discussão das autarquias e
do Conselho da Comunidade do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Baixo
Vouga. Eu próprio como membro do antigo Conselho Consultivo do ACeS Baixo-
Vouga III (Estarreja, Ovar e Murtosa), nunca ouvi falar em tal plano e fiquei
surpreendido com o anúncio do mesmo. E o que vi pelos jornais não me agradou
mesmo nada e terá com certeza a minha discordância.
Finalmente uma nota para a politiquice que o PS de
Estarreja tem feito à volta deste tema. O artigo de Catarina Rodrigues nestas
páginas é disso um bom exemplo. Pareceu-me um artigo encomendado por alguém,
pois não me lembro da Catarina ter escrito uma linha que fosse sobre o hospital
nos últimos anos. Para apelar ao voto no PS era escusado gastar meia página de
jornal. Bastava ter dito: por favor votem no PS em Outubro. Agora, há artigos
que eu não posso deixar passar em branco.
Eu percebo a técnica de colar o PSD local ao Governo,
só que isso não resulta, pois o PSD local não segue o Governo como seguia o PS
de Estarreja no tempo de Sócrates. Depois não foi o Governo quem mandou fechar
a cirurgia de ambulatório em Estarreja. A decisão é da inteira responsabilidade
da administração do CHBV. E o Presidente da Câmara em todas as declarações que
fez na imprensa manifestou-se sempre contra tal decisão. E fez mais do que só dizer não: fundamentou devidamente as
razões da divergência (basta ler os jornais). Portanto, não vale a pena tentar
enganar as pessoas para ganhar uns votos em Outubro. Nem os eleitores são “burros”
como julga a Catarina, pois não votam sempre nos mesmos “porque é costume”. Não
queiram fazer as pessoas de ingénuas. Se assim fosse
Vladimiro Silva nunca tinha sido Presidente da Câmara, nem José Eduardo Matos
tinha tido as vitórias que teve com votações acima dos votos habituais do
PSD/CDS. Por isso, não deixa de ser caricato ver a Catarina a pedir aos
“burros” para votarem no PS. Quem tem esta consideração pelos eleitores não
merece obviamente muitos votos em Outubro.
José Matos